#IncipitBrasil DIA SANTO Humberto B. Leal

"Nasci e vivi muito tempo na Amazônia. Criança de brincar nos beiradões dos rios lamacentos, de carregar as bacias de roupa de minha avó que labutava sobre balsas de sapopema, de me esconder do meu pai me chamando para beber purgantes contra todo tipo de verme e cujo gosto intragável fui incapaz de esquecer. Aprendi a nadar nos igarapés, vivi em cortiços na minha primeira infância, ouvi muitas histórias de visagens e presumo ter visto fantasmas confabulando na solidão das calçadas. Eu e uma porção de crianças costumávamos passar as manhãs, enegrecidos pelo sol amazônico, a ver as embarcações passando ao largo, no rio Negro, sem preocupação com a vida ou a morte."

Dia Santo, romance de Humberto Batista Leal,  Maltese, São Paulo, 1992, 158 páginas.

Do prefácio de Raquel de Queiroz: "E é preciso se ter uma certa preparação psicológica para ler e ouvir o DIA SANTO. Esquecer o meramente folclórico, sentir a Amazônia na sua carna e na sua força. Ali, não se recebe o santo, o orixá, como nas terras de influência negra: as divindades amazônicas são frágeis e líricas, a força está toda na encantação da terra, na simbiose da mata com o rio, sempre vizinhos ou misturados.

Livro premiado pela Academia Brasileira de Letras e lançado em 1992, tido por Deonísio da Silva, crítido do Jornal da Tarde como "romance magnífico" em uma "estreia memorável". De autoria Humberto B. Leal também os livros Tomé Mayruna, Ana Agar e Águas Mornas.
Muito se diz no primeiro parágrafo de um livro. Aqui, só ficção brasileira. É o que gosto de ler. É o que escrevo. Sandra Abrano

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