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Mostrando postagens de março, 2019

#IncipitBrasil FIM DA LINHA O crime do bonde de Rafael Guimaraes

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"Eduardo Pereira da Costa perde a hora da consulta médica, e se dirá mais tarde que este pequeno contratempo teria sido a faísca que acionou os insondáveis mecanismos do acaso rumo ao desfecho inapelável. Não fosse o atraso, ele não estaria na sacada quando os fatos se passaram, portanto, não teria visto o que viu e não se sentiria compelido a fazer o que fez. Outros, contudo, irão ponderar que Eduardo, ainda que ele próprio não tivesse plena consciência da dimensão de seu drama, já estava corroído por pensamentos obscuros. Portanto, a tragédia era questão de tempo." Libretos, 2018, Porto Alegre, 268 páginas. Da 4a capa: Antes do desfecho inapelável e seus danos colaterais, o leitor é convidado a percorrer a jornada dos personagens até ali, através de episódios ambientados nos bastidores políticos da República Velha, na vida boêmia e cultura do Rio de Janeiro no início do século 20, na belle époque porto-alegrense e nas rudes disputas do interior gaúcho, nos quais uma tên

#IncipitBrasil QUEDA DA PRÓPRIA ALTURA de Sérgio Tavares

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"de todas as analogias possíveis à vida, a de uma estrada é a que menos evoca as inspirações pré-fabricadas e a poesia antipessoa. você, eu, o bebê que se descobre humano ao dar o primeiro passo delineamos uma estrada que vai transfigurar matiz, massa e bússola ao longo da vida. há pessoas, com certas vocações passarinhas, que têm uma estrada retilínea, serena e comprida de não enxergar horizonte. outras, que costumam mendigar o desassossego, perdem-se em labirínticas breias, surdas e curtas de medir queda com a própria altura. há ainda aquelas que, quando muito (este terrível mundo!), disparam num zigue-zague contínuo, caminhando uma estrada que não é sua, sem estanque ou absolvição. estradas começam agora; outras, de tão velhas, são esquecidas, deslocadas no tempo. são ocas, eco, ocas, pedregosas de abrir os pés, escoar a chuva, abandonadas ao som da noite. e, como a vida, toda estrada tem fim. nem toda." Confraria do Vento,  2012, Rio de Janeiro, 244 páginas. Da or

#IncipitBrasil UMA AUTOBIOGRAFIA LITERÁRIA: O TEXTO, OU: A VIDA de Moacyr Scliar

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"Escrevo há muito tempo. Costumo dizer que se ainda nao aprendi nao foi por falta de prática. Comecei cedo; minhas recordações de infância estão ligadas a isto: a ouvir e contar histórias. Não só histórias de personagens que me emocionaram, me intrigaram, me encantaram, me assustaram - o Saci- Pererê, o Negrinho do Pastoreio, a Cuca, Hércules, Teseu, os Argonautas, Mickey Mouse, Tarzan, os Macabeus, os piratas, Emília, João Felpudo, Huck Finn -, mas também as histórias que eu ouvia de meus pais, de parentes, dos vizinhos, e aquelas que eu próprio inventava. " LP&M, 2017, Porto Alegre. Não escondo que o Scliar é um dos meus escritores prediletos. Aqui, uma indicação da Rosânia, amiga de sempre e leitora consistente. Da 4a capa: Tomem uma família [...] em casa, à noite. Já jantaram, já viram tevê – a típica rotina das casas brasileiras nesse horário. E aí o pai ou a mãe anunciam ao caçula que está na hora de dormir. Não há criança que receba esta notícia sem protestar. Afin