#IncipitBrasil A RESISTÊNCIA Julián Fuks

"Meu irmão é adotado, mas não posso e não quero dizer que meu irmão é adotado. Se digo assim, se pronuncio essa frase que por muito tempo cuidei de silenciar, reduzo meu irmão a uma condição categórica, a uma atribuição essencial: meu irmão é algo, e esse algo é o que tantos tentam enxergar nele, esse algo são as marcas que insistimos em procurar, contra a vontade, em seus traços, em seus gestos, em seus atos. Meu irmão é adotado, mas não quero reforçar o estigma que a palavra evoca, o estigma que é a própria palavra convertida em caráter. Não quero aprofundar sua cicatriz e, se não quero, não posso dizer cicatriz."

Companhia das Letras, 2015, São Paulo, 140 páginas.

Da 4a capa:
 "'Meu irmão é adotado, mas não posso e não quero dizer que meu irmão é adotado.', anuncia, logo na primeira linha, o narrador deste romance. O leitor se descobre de partida imerso numa memória pessoal que aos poucos se revela também social e política -- como tantas outras narrativas que tematizam o terror e a violência das ditaduras latino-americanas. Do drama de um país, a Argentina a partir do golpe de 1976, desenvolve-se o drama particular de uma família, num retrato denso e emocionante."

Muito se diz no primeiro parágrafo de um livro. Aqui, só ficção brasileira. É o que gosto de ler. É o que escrevo.  Sandra Abrano

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