#IncipitBrasil A RESISTÊNCIA Julián Fuks
"Meu irmão é adotado, mas não posso e não quero dizer que meu irmão é adotado. Se digo assim, se pronuncio essa frase que por muito tempo cuidei de silenciar, reduzo meu irmão a uma condição categórica, a uma atribuição essencial: meu irmão é algo, e esse algo é o que tantos tentam enxergar nele, esse algo são as marcas que insistimos em procurar, contra a vontade, em seus traços, em seus gestos, em seus atos. Meu irmão é adotado, mas não quero reforçar o estigma que a palavra evoca, o estigma que é a própria palavra convertida em caráter. Não quero aprofundar sua cicatriz e, se não quero, não posso dizer cicatriz." Companhia das Letras, 2015, São Paulo, 140 páginas. Da 4a capa: "'Meu irmão é adotado, mas não posso e não quero dizer que meu irmão é adotado.', anuncia, logo na primeira linha, o narrador deste romance. O leitor se descobre de partida imerso numa memória pessoal que aos poucos se revela também social e política -- como tantas outras narrativas...